Estatística Aplicada - Aula 9: Distribuição Normal
Estatística Aplicada - Aula 5: Distribuição Normal
Conceitos Principais
A distribuição normal constitui um dos pilares da estatística inferencial, sendo fundamental para modelagem de fenômenos naturais e análise de dados em diversos campos científicos e tecnológicos. Esta aula examina suas propriedades, formulação matemática e aplicações práticas.
Contexto Histórico
A distribuição normal emerge de um rico processo de desenvolvimento histórico, envolvendo alguns dos mais notáveis matemáticos dos séculos XVIII e XIX.
Os principais contribuintes para o desenvolvimento da distribuição normal foram:
- Abraham de Moivre (1730): Matemático francês responsável pela definição inicial da curva normal
- Jacob Bernoulli: Desenvolveu o Teorema dos Grandes Números, base teórica essencial
- Pierre-Simon Laplace (1783): Aplicou a curva para descrever a distribuição de erros em medições
- Carl Friedrich Gauss (1809): Utilizou-a em análises astronômicas, originando o termo “Curva de Gauss”
Formulação Matemática
A distribuição normal é caracterizada pela seguinte função densidade de probabilidade:
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f(x) = ∫_{-∞}^{∞} (1/(δ√(2π))) · e^(-(x-μ)²/(2δ²)) dx
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Onde:
- μ representa a média (coincidente com a mediana e a moda)
- δ representa o desvio padrão
- δ² corresponde à variância
A notação formal para uma variável X que segue distribuição normal com média μ e variância δ² é expressa como X:N(μ, δ²) Observação: O Professor não iráutilizar esta fórmula.
Propriedades Fundamentais
Propriedade | Descrição |
---|---|
Simetria | Curva perfeitamente simétrica em relação à média |
Formato | Característica curva em formato de sino |
Área | Área total sob a curva igual a 1 (100% de probabilidade) |
Assíntota | Curva aproxima-se indefinidamente do eixo x sem tocá-lo |
Ponto máximo | Ocorre exatamente em x = μ (média) |
Probabilidade | P(X < μ) = P(X > μ) = 0,5 |
Distribuição Normal Padrão (Z)
Conceito e Transformação
A distribuição normal padrão, denotada por Z:N(0,1), ocorre quando μ = 0 e δ = 1. Esta padronização é crucial para o cálculo de probabilidades.
A transformação de uma variável normal X para a normal padrão Z é realizada pela fórmula:
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Z = (X - μ)/δ
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Esta transformação permite utilizar tabelas de valores Z padronizados para cálculos de probabilidade, simplificando significativamente a análise estatística.
Cálculo de Probabilidades
Exemplo Prático 1
Considerando alturas (em metros) de alunos de uma faculdade, distribuídas normalmente segundo X:N(1,724; 0,0025):
Para calcular P(1,67 < X < 1,77):
Transformação para Z:
- Z₁ = (1,67 - 1,724)/0,05 = -1,08
- Z₂ = (1,77 - 1,724)/0,05 = 0,92
Consulta à tabela Z:
- P(Z < 0,92) = 0,8212
- P(Z < -1,08) = 0,1401
Cálculo final:
- P(1,67 < X < 1,77) = 0,8212 - 0,1401 = 0,6811 ou 68,11%
Exemplo Prático 2
Para calcular P(X > 1,90) na mesma distribuição:
Transformação para Z:
- Z = (1,90 - 1,724)/0,05 = 3,52
Consulta à tabela Z:
- P(Z > 3,52) = 1 - P(Z < 3,52) = 1 - 0,9998 = 0,0002
Interpretação:
- Apenas 0,02% dos alunos possuem altura superior a 1,90m, demonstrando a raridade de valores distantes mais de 3 desvios padrão da média.
Aplicações em Computação
Áreas de Aplicação
A distribuição normal possui amplas aplicações em sistemas computacionais:
- Análise de desempenho: Modelagem de tempos de resposta e utilização de recursos
- Qualidade de software: Distribuição de erros em sistemas complexos
- Processamento de sinais: Caracterização de ruídos em sistemas eletrônicos
- Machine Learning: Base para diversos algoritmos e modelos preditivos
- Testes estatísticos: Fundamento para a maioria dos testes paramétricos
Implementação Computacional
O cálculo de probabilidades da distribuição normal pode ser implementado utilizando bibliotecas estatísticas em linguagens como Java:
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import org.apache.commons.math3.distribution.NormalDistribution;
public class DistribuicaoNormal {
public static void main(String[] args) {
// Parâmetros da distribuição
double media = 1.724;
double desvioPadrao = 0.05; // sqrt(0.0025)
// Criar objeto de distribuição normal
NormalDistribution distNormal = new NormalDistribution(media, desvioPadrao);
// Cálculo de probabilidades
double p_a = distNormal.probability(1.67, 1.77);
System.out.printf("P(1.67 < X < 1.77) = %.4f ou %.2f%%\n", p_a, p_a * 100);
}
}
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Exercícios Práticos
Exercício 1
Uma máquina de produção fabrica peças com diâmetro que segue distribuição normal com média 5,0 cm e desvio padrão 0,02 cm.
Calcule: a) A probabilidade de uma peça ter diâmetro entre 4,97 cm e 5,04 cm. b) A probabilidade de uma peça ser rejeitada se o limite de tolerância for de ±0,05 cm.
Solução:
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a) Transformando para Z:
Z₁ = (4,97 - 5,0)/0,02 = -1,5
Z₂ = (5,04 - 5,0)/0,02 = 2,0
P(4,97 < X < 5,04) = P(-1,5 < Z < 2,0) = 0,9772 - 0,0668 = 0,9104 ou 91,04%
b) P(rejeição) = P(X < 4,95 ou X > 5,05) = P(Z < -2,5 ou Z > 2,5) = 2 × 0,0062 = 0,0124 ou 1,24%
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Resumo e Pontos-Chave
- A distribuição normal é caracterizada por seu formato de sino simétrico e propriedades matemáticas específicas
- A transformação para distribuição normal padrão (Z) é fundamental para o cálculo de probabilidades
- Aproximadamente 68,26% dos dados em uma distribuição normal encontram-se dentro de ±1 desvio padrão da média
- Aproximadamente 95,45% dos dados encontram-se dentro de ±2 desvios padrão
- Aproximadamente 99,73% dos dados encontram-se dentro de ±3 desvios padrão
- Em computação, a distribuição normal é essencial para análise estatística, qualidade de software e modelagem de fenômenos complexos